Este artigo foi publicado originalmente no blog de Indexology® em 31 de janeiro de 2023.
Para muitas pessoas, um novo ano representa uma chance de definir novos objetivos e de marcar (ou apagar) a lista de resoluções do ano anterior. Se este exercício de definir objetivos funciona ou não é discutível. E um fenômeno semelhante pode ser observado dentro das empresas. O consenso científico sustenta que as emissões líquidas zero (net zero) devem ser alcançadas em 2050 se o mundo pretende manter os níveis de aquecimento abaixo de 1,5°C, em linha com os objetivos do Acordo de Paris. Assim, um número crescente de empresas, países e investidores vêm estabelecendo metas relacionadas ao clima, que constituem um dos quatro pilares das recomendações apresentadas pelo Grupo de Trabalho sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD).
Metas de emissão zero: do compromisso à ação
A Iniciativa de Metas Baseadas na Ciência (SBTI) é uma das principais entidades quando se trata de apoiar as empresas na definição e validação de metas confiáveis. Para serem validadas pela SBTI, as metas devem cobrir os escopos de emissões relevantes, além de serem limitadas no tempo e específicas.
De um ponto de vista regional, a Europa está na liderança quando se trata de estabelecer metas corporativas net zero, já que mais de 40% das empresas por capitalização de mercado dentro do S&P Europe 350® já definiram uma meta, enquanto que cerca de um quarto das empresas do S&P 500® o fizeram (ver quadro 1). Todos os índices ESG da S&P DJI
equivalentes aos universos avaliados têm um percentual maior de empresas com metas de emissão zero (ver gráfico da esquerda). De uma perspectiva setorial, mais da metade das empresas de Produtos Básicos de Consumo têm uma meta verificada, mas quase nenhuma do setor de Energia o conseguiu, devido ao seu envolvimento com combustíveis fósseis (ver gráfico à direita).

Mas será que o estabelecimento de metas corporativas constitui um sinal de alinhamento com os objetivos do Acordo de Paris? Intuitivamente, poderíamos esperar que as empresas que estabeleceram metas de emissão zero tenham maior probabilidade de estar em uma trajetória de 1,5°C por meio de esforços relativos ou absolutos de descarbonização. No entanto, estes poderiam ser apenas dois lados da mesma moeda. Embora as metas indiquem compromisso (ou mesmo ambição), os modelos de alinhamento de temperatura da S&P Global comparam as emissões projetadas históricas e prospectivas com um orçamento de carbono