Certamente este ano está sendo muito interessante para as ações da América Latina. Apesar da turbulência dos últimos três trimestres, a região tem sido resiliente. O S&P 500® e o S&P Emerging BMI declinaram em cada trimestre de 2022 e perderam mais de 20% no ano até 30 de setembro de 2022. Enquanto isso, o S&P Latin America BMI ganhou 3,6% no terceiro trimestre, situando-se em território positivo até à data.
Embora os retornos tenham sido desiguais entre países e trimestres, é claro que o desempenho estelar do Chile e do Brasil contribuiu para os ganhos gerais da América Latina. Além disso, entre os índices globais de países, o Chile e o Brasil estão entre os cinco países com melhor desempenho no terceiro trimestre e no ano.
A história na região não mudou muito desde o último trimestre, uma vez que a inflação, o aumento das taxas de juros, o conflito Rússia-Ucrânia e a incerteza política local continuam a ameaçar a região. Apesar destes obstáculos, os mercados em geral se saíram relativamente bem no terceiro trimestre. Com exceção da Colômbia e do México, todos os outros mercados acionários apresentaram ganhos durante o trimestre, sendo o S&P MERVAL da Argentina o que registrou o maior aumento com 57% em pesos argentinos (ARS). O S&P IPSA do Chile encerrou o trimestre com uma alta de 3% em pesos chilenos (CLP) e foi o único índice a ter retornos positivos em cada trimestre de 2022. Os fortes retornos do S&P Brazil BMI de quase 12% compensaram a perda de 6% do S&P/BMV IRT do México.
Em termos de setores, a maioria terminou de forma positiva, com ganhos de 27,5%, 18,6% e 16,6%, respectivamente, para Tecnologia da Informação, Bens de Consumo Discricionário e Energia. O setor de Serviços Financeiros, que subiu 8,3%, e o de Energia, que subiu 16,6%, foram os maiores contribuintes para os retornos totais da região. Materiais (-6,0%), o segundo maior setor da região depois do financeiro, teve o maior impacto negativo nos retornos da região durante o trimestre.
As dez maiores empresas por ponderação no índice, que representam mais de 30% do índice, tiveram um impacto significativo sobre o desempenho no terceiro trimestre. Especificamente, as gigantes brasileiras Petrobras e Itaú Unibanco foram os principais impulsionadores para levar a região a um território positivo. Empresas mineradoras como a brasileira Vale, a mexicana Grupo México e a peruana Southern Copper foram significativamente afetadas pela queda nos preços do minério de ferro e do cobre, que caíram 18,3% e 22,0% até à data, respectivamente. Serviços de Comunicações fechou o trimestre no extremo final do lado negativo, impulsionado pela queda de quase 13% nos preços da América Móvil do México no terceiro trimestre.
Apesar dos altos e baixos dos mercados, as ações da América Latina permaneceram resistentes até agora. Ao entrarmos no quarto trimestre, será interessante ver se a região pode segurar esses ganhos e, com sorte, acrescentar mais alguns, conforme o ano chega ao fim.